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Em tempos de colapso, criar é resistir.

As obras reunidas nesta exposição nascem do encontro entre arte, território e urgência, uma convocação visual para adiar o fim do mundo. Cada traço, cor e textura expressa o desejo coletivo de proteger a vida e reinventar futuros possíveis, mesmo diante da destruição.

A exposição “Nossa Chance” é um convite: olhar para a Amazônia e para o Nordeste como centros de imaginação e esperança. Inspirada em cinco eixos: adaptação climática, restauração ecológica, sistemas alimentares, governança climática e demarcação territorial, a mostra vem para dizer que as soluções brotam dos territórios.

Essas obras não falam apenas de crise, mas de reexistência. Falam da força de quem planta, da fé de quem resiste, da criatividade que floresce em meio ao caos.

São expressões de uma arte engajada, que entende o ato de criar como gesto político e vital, capaz de abrir brechas para o amanhã.

Porque ainda há tempo.
E essa é a nossa chance para adiar o fim do mundo.

Um Sopro para Gaya

Iru Waves, Salvador/BA

A obra retrata uma mulher originária acolhendo e curando a Terra com um sopro. Inspirada na Teoria de Gaia, a peça apresenta o planeta como um organismo vivo e interdependente, honrando a potência ancestral e o papel dos povos originários na preservação da vida.
A obra dialoga perfeitamente com os eixos da campanha "Nossa Chance para Adiar o Fim do Mundo":
Restauração Ecológica: É o eixo central, pois o sopro simboliza um gesto de cura e reparação simbólica dos laços perdidos, convidando à regeneração.
Demarcação Territorial: Ao manifestar e valorizar as cosmologias indígenas, a obra se posiciona politicamente em favor dos saberes e do protagonismo dos povos que preservam os territórios.
Sistemas Alimentares: A visão da Terra como corpo vivo e pulsante sustenta a necessidade de reciprocidade e cuidado, essenciais para sistemas de vida sustentáveis.
A obra é um chamado poético e político para reatar relações e construir futuros enraizados no respeito à biodiversidade e às culturas.

Futuro Ancestral

Maria Victoria Sial (Mavi Sial), Recife/PE

Essa obra traz o pensamento semente plantado por Ailton Krenak "Futuro ancestral" e traz a cobra como símbolo do fluxo de vida, representando a resistência dos povos originários e o tempo cíclico de início, meio e começo. Um fluxo que resgata os saberes que vem da raiz e fazem crescer os galhos das árvores, representando as transformações que acontecem quando esses saberes são retomados pelo coletivo. Essa arte se relaciona com as diretrizes por resgatar os saberes dos povos indígenas e suas formas de se relacionar com a terra como um berço sagrado da vida, onde a natureza não se distingue como parte externa apartada, além de mostrar a necessidade de resguardar e retomar esses saberes como forma de resistir às mudanças climáticas.

Não Deixe a Encantaria Morrer

Gilzion Reis (Gil), Macapá/AP

A obra trabalha a temática da exploração do petróleo na foz do rio Amazonas, relacionando diretamente o cuidado com a preservação desse ecossistema aos sistemas de espiritualidade, crenças e cultura em geral dos povos que habitam esses territórios, no sentido do “desencanto”, processo onde as ações predatórias humanas afastam ou impossibilitam as relações tradicionais dos povos amazônicos com seus modos tradicionais de vida, sendo assim, necessário não deixar que a Encantaria “morra”. A obra se relaciona com o eixo restauração ecológica.

Lembranças e sabores

Debora Silva (Kuro), Belém/PA

Sem clima equilibrado, não há comida e nem sabor no prato’, a cuia de Tacacá representa como a degradação ambiental afeta diretamente os alimentos: os camarões ameaçados pela pesca predatória, jambu perdendo sua essência e o tucupi cada vez mais industrializado.Ao relacionar a cultura e a natureza, as obras reforçam que preservar o equilíbrio climático é também preservar a identidade, os sabores e os modos de viver Paraense. A mensagem central: proteger o meio ambiente não é apenas garantir a sobrevivência, mas também manter vivas as manifestações culturais e os sabores que nos conectam ao território.

Piracema

Brian Costa, Belém/PA

A obra, ao apresentar dois peixes (Aracu e Curimatã) dançando brega, traduz poeticamente a resistência da vida aquática frente às ameaças da seca, das barragens e da degradação ambiental. Ao trazer à tona a importância da piracema, o trabalho chama atenção para a necessidade de restaurar os processos ecológicos que garantem a reprodução dos peixes e a continuidade da biodiversidade amazônica.
Dançar representa a vitalidade que insiste em existir, mesmo em meio ao colapso. Relacionada ao eixo da restauração ecológica, a obra convoca à recuperação de rios e habitats que sustentam tanto a vida dos peixes quanto a cultura que deles dependem

O Caçador

Gabriel de Alencar Oliveira (Gabito), Juazeiro/CE

Essa obra traz o pensamento semente plantado por Ailton Krenak "Futuro ancestral" e traz a cobra como símbolo do fluxo de vida, representando a resistência dos povos originários e o tempo cíclico de início, meio e começo. Um fluxo que resgata os saberes que vem da raiz e fazem crescer os galhos das árvores, representando as transformações que acontecem quando esses saberes são retomados pelo coletivo. Essa arte se relaciona com as diretrizes por resgatar os saberes dos povos indígenas e suas formas de se relacionar com a terra como um berço sagrado da vida, onde a natureza não se distingue como parte externa apartada, além de mostrar a necessidade de resguardar e retomar esses saberes como forma de resistir às mudanças climáticas.

Preserve o mangue

Jadiel Azevedo (Jorake), Natal/RN

A obra está muito ligada ao eixo RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA, a obra mostra o cotidiano da vida ecológica no mangue e representa todo ecossistema, que influência todo o litoral, servindo como berçário de várias espécies e local de subsistência e economia pra toda uma comunidade ribeirinha, que muitas vezes é ignorada pelo poder público.

Belém urbana pede socorro

Vivi Sabá, Ananindeua/PA

Belém Urbana Pede Socorro, retrata o corte indiscriminado das árvores na cidade de Belém do Pará, que agravam o aumento da temperatura e a diminuição da qualidade do ar, mas, também se faz presente a resistência da natureza quando vemos uma flor brotando junto ao troco da árvore cortado quase que completamente. Demonstrando a urgente necessidade de restauração ecológica.

Floresta flutuante

Dayane Cruz DAY, Parintins/ Amazonas

A minha obra trata-se de uma onça, flutuando em uma madeira oca sobre o rio Solimões, rio que banha minha ilha e deságua no Rio Amazonas. Essa onça traz consigo a resistência dos povos ribeirinhos, na pessoa de uma criança que leva na cabeça, e de palafitas, casas típicas da minha região, construídas adaptadas para períodos de enchentes, nas suas costas. Além da nossa flora representada pelo Guaraná e pelo Açaí, a Onça é um animal que resiste a diferentes cenários da Amazônia, e faz referência ao eixo de Adaptação Climática, na ilustração ela aparece como um ser encantado que resiste na floresta, e que trás consigo os seus.

A cura da Amazônia

Kemerson Freitas (Curumiz), Parintins/AM

A restauração ecológica é fundamental para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como água limpa, polinização e biodiversidade. Praticada em múltiplas escalas, ela envolve desde órgãos ambientais até populações indígenas e tradicionais, que atuam como guardiões ancestrais do equilíbrio natural. Contudo, ao refletirmos sobre esse processo, torna-se impossível ignorar a dimensão simbólica e espiritual dos encantados – seres que, para muitas culturas amazônicas, são agentes intrínsecos da natureza. Eles não apenas habitam florestas, rios e matas, mas também desempenham papéis essenciais na regulação desses sistemas vivos. Os encantados representam uma ponte entre o humano e o não humano, reforçando que a Amazônia não pode ser compreendida apenas sob uma lógica científica ou econômica. São co-agentes da restauração, influenciando práticas sustentáveis e inspirando relações de respeito com os ciclos naturais. Assim, pensar a interação homem-natureza sem reconhecer sua presença seria negar uma parte vital da identidade ecológica e cultural da região.

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